Contos de Soaroir
A Aventura de Sauria
Não
importa quando aconteceu, mas foi assim que minha avó me contou.
Sauria
por uma memória genética, talvez, oriunda de suas várias reencarnações, tinha
um comportamento que diferia de todos os de sua espécie.
Naquele
reino, ao primeiro raiar da luz tudo era
deixado para trás e cada um dos filhotes, geralmente gêmeos, caia na estrada
sem olhar para trás. No entanto, isso
não acontecia com Sauria.
A
princípio dona Briba não deu muita importância. Seu Adolfus por sua vez, mesmo tomado
por/de certa estranheza, mantinha sua rotina de caça e (sua) moradia daquele
casebre a sopapo.
Sauria
não imaginava, mas aquele seria o dia mais triste de sua vida.
Como
sempre fazia, ao amanhecer o sr Adolfus se encaminhou para seu repouso e deu de
cara com a filha ainda sendo alimentada pela mãe.
-Mulher!
Já ouço os cochichos de que não educamos nossa família, que estamos denegrindo
nosso reino e coisas piores.
Que
se passa com Sauria que não deixa o ninho?
Dona
Briba pensou, pensou e chamou a filha às conversas.
Depois
de muito explicar o mundo e as necessidades das espécies, disse:
-
Tenho que concordar com seu pai – você precisa ganhar o mundo. Ser independente
e formar a sua própria família.
Até
então em silêncio, com um certo medo na voz Sauria respondeu.
-
Sabe mãe, do que eu preciso vocês não podem me ensinar, por isso passo todo o
tempo pensando como chegar ao topo sem magoar vocês...
-
Como assim! Disse a mãe com espanto enquanto erguia a cabeça e olhava a filha
de soslaio.
Em
uma espécie de desabafo Sauria então entre soluços relatou o seu problema.
-
Mãe, eu não nasci com as suas habilidades; não consigo caçar tampouco meu
estomago consegue digerir os alimentos como vocês.
Mais
assustada ainda dona Briba se dispôs a ajudar a filha.
Primeiro
lançou mão de um fio de seda da teia da aranha e com muito sacrifício pediu
ajuda a um transeunte que avoava entre um caibro e outro.
-
Por favor, poderia amarrar este fio lá naquele topo colorido?
-
Por que não faz você mesma?
-
A haste é muito frágil e se curvará com o meu peso
-
E eu o que ganho com isso?
-
Sua vida, respondeu dona Briba.
Finalmente
toda feliz, Sauria sugava o néctar da flor mais cheirosa daquele jardim.
Saciada gritou:
-
Mãe, me tira daqui!
Mas
dona Briba, já longe respondeu.
-
Quero ser uma boa mãe lagartixa e para isso preciso fazer com que você cada dia
precise menos de mim.
F
I M
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