segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Conto a ser contado por Soaroir


Contos de Soaroir

A Aventura de Sauria


 

Não importa quando aconteceu, mas foi assim que minha avó me contou.

Sauria por uma memória genética, talvez, oriunda de suas várias reencarnações, tinha um comportamento que diferia de todos os de sua espécie.

Naquele reino, ao primeiro raiar da luz  tudo era deixado para trás e cada um dos filhotes, geralmente gêmeos, caia na estrada sem olhar para trás.  No entanto, isso não acontecia com Sauria.

A princípio dona Briba não deu muita importância. Seu Adolfus por sua vez, mesmo tomado por/de certa estranheza, mantinha sua rotina de caça e (sua) moradia daquele casebre a sopapo.

Sauria não imaginava, mas aquele seria o dia mais triste de sua vida.

Como sempre fazia, ao amanhecer o sr Adolfus se encaminhou para seu repouso e deu de cara com a filha ainda sendo alimentada pela mãe.

-Mulher! Já ouço os cochichos de que não educamos nossa família, que estamos denegrindo nosso reino e coisas piores.

Que se passa com Sauria que não deixa o ninho?

Dona Briba pensou, pensou e chamou a filha às conversas.

Depois de muito explicar o mundo e as necessidades das espécies, disse:

- Tenho que concordar com seu pai – você precisa ganhar o mundo. Ser independente e formar a sua própria família.

Até então em silêncio, com um certo medo na voz Sauria respondeu.

- Sabe mãe, do que eu preciso vocês não podem me ensinar, por isso passo todo o tempo pensando como chegar ao topo sem magoar vocês...

- Como assim! Disse a mãe com espanto enquanto erguia a cabeça e olhava a filha de soslaio.

Em uma espécie de desabafo Sauria então entre soluços relatou o seu problema.

- Mãe, eu não nasci com as suas habilidades; não consigo caçar tampouco meu estomago consegue digerir os alimentos como vocês.

Mais assustada ainda dona Briba se dispôs a ajudar a filha.

Primeiro lançou mão de um fio de seda da teia da aranha e com muito sacrifício pediu ajuda a um transeunte que avoava entre um caibro e outro.

- Por favor, poderia amarrar este fio lá naquele topo colorido?

- Por que não faz você mesma?

- A haste é muito frágil e se curvará com o meu peso

- E eu o que ganho com isso?

- Sua vida, respondeu dona Briba.

Finalmente toda feliz, Sauria sugava o néctar da flor mais cheirosa daquele jardim. Saciada gritou:

- Mãe, me  tira daqui!

Mas dona Briba, já longe respondeu.

- Quero ser uma boa mãe lagartixa e para isso preciso fazer com que você cada dia precise menos de mim.

F I M

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